A mulher era
considerada frágil e incapaz de assumir a liderança do grupo familiar, e o
homem, foi associado à idéia de autoridade e poder de comando, e deste modo
surgiu o patriarcado, uma sociedade fundamentada no poder do homem como chefe
de família, modelo predominante até hoje.
E com este sistema
familiar, começou a surgir uma sociedade machista que oprimiu, explorou e humilhou
as mulheres. Felizmente, elas resistiram e lutaram para eliminar a
discriminação e garantir seus direitos, se colocarem como seres humanos dignos,
livres e autônomos. Não podemos esquecer de mulheres como Rosa Luxemburgo, Olga Benário,
Pagu, e tantas outras guerreiras que não suportaram o preconceito e a exclusão
e foram à luta. De quantas coisas as mulheres foram impedidas? Dedicar-se às
ciências, participar dos debates filosóficos na Grécia antiga? Isto era um
absurdo para a sociedade da época!
As mulheres, além de
serem tratadas com inferioridade, sofreram com as construções morais das
religiões, por exemplo: os homens podiam ter relações sexuais antes do
casamento e manter relacionamentos extraconjugais sem sofrer ultrajes ou
punições, mas com as mulheres era totalmente ao contrário, como o caso da
iraniana Sakineh, que por pouco não foi condenada ao apedrejamento por crime de
adultério. Houve um tempo em que as mulheres não podiam nem sequer aprender a
ler, e viviam envoltas em uma teia tabus.
Na política, o direito
ao voto no Brasil, a partir de 1932, não significou que as mulheres poderiam
ocupar cargos. Mesmo que conseguissem ascender ao poder, havia sempre
discriminação. Somente no final do século XX, período muito importante para o
movimento feminista, elas conseguiram, por meio de lutas e com o apoio
ideológico comunista, chegar a desempenhar várias tarefas antes restritas aos
homens, desde as que exigiam força física aos cargos administrativos, levando
em consideração que antes as mulheres só poderiam executar o papel de dono de
casa, mãe e esposa.
Mulheres não podiam
votar, não podiam trabalhar fora, dirigir, nem ao menos usar calças, e o
movimento de mulheres imergindo nos cargos de poder, sobretudo a partir das
três últimas décadas, pode ser considerado como um dos fenômenos sociais mais
importantes dos séculos XX e XXI. O Brasil também tem evoluído bastante nesse
sentido, pois temos a Lei Maria da Penha, que pune todo tipo de violência
contra a mulher, e recentemente, foi eleita a primeira mulher à Presidência da
República.
Pode-se observar, em
todos os campos, os avanços das mulheres e isto resultou de uma história de
lutas e conquistas de muitas e dolorosas batalhas, mas a guerra ainda não foi
vencida, pois existe muito preconceito e resistência de homens e até mesmo de
mulheres com uma ideologia tacanha e obsoleta. Devemos notar que, quando uma
mulher luta por algo e conquista, é mostrado pela mídia, na maioria das vezes,
com demérito, como se fosse apadrinhamento ou favor, além de tentar vender uma
imagem de que toda mulher é melindrosa e descontrolada e tem obsessão por ser
igual ao homem.
A geração atual de
mulheres tem hoje uma participação mais ativa no âmbito fora do lar, e elas, em
sua maioria, não se submetem às vontades masculinas, mas procuram realizar-se
profissionalmente e serem independentes. Porém, mesmo com tanto esforço para
modificar a sociedade e instaurar a igualdade de gênero e a autonomia da mulher,
não só no nosso país como em vários outros ainda ocorre agressão contra mulheres,
pagam salários menores que os dos homens, subestimam e excluem de conversas,
grupos sociais, atividades, etc.
Eu já vi vários casos
em minha família de mulheres que quando perdiam a virgindade ou engravidavam,
se casavam só para não ficarem mal vistas pela sociedade, e pessoas que
testemunharam ou sofreram violência doméstica, mas tiveram medo de denunciar,
ou pensaram naquele ditado: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher.
Quando criança, muitas foram as vezes que ouvi: “Meninas não brincam com
meninos”, “Brincar com bolas ou carrinhos é coisa de menino”. E na escola,
meninos excluem as meninas de brincadeiras, grupos de trabalho, com o pretexto
de que elas são frágeis, frescas, e assim acontece de geração em geração.
Ainda hoje, várias mulheres
sofrem com preconceito, violência de parceiros, colegas de trabalho, e agem
como se fosse natural, e são, geralmente, pessoas com baixa escolaridade, que
não têm conhecimento de seus direitos, não sabem da sua própria capacidade de
vencer, de conquistar sua autonomia e se destacar. Os homens também precisam
aprender que as mulheres não são inferiores, nem são objetos e devem ser
tratadas com respeito como seres humanos dignos que são, e violência não é
símbolo de masculinidade nem forma de impor respeito.
Para
erradicar de vez a distribuição desigual de poder e autoridade entre homens e
mulheres, sugiro como solução grandes investimentos na educação, principalmente
das crianças, para que cresçam habituadas à ideia de que somos todos seres
humanos com os mesmos direitos, não importando o sexo, a cor, religião ou
classe social e construir novos valores. O conhecimento é o caminho mais
simples para a conscientização das pessoas. E com toda esta história de lutas e
vitórias, quem disse que são o sexo frágil?
( Yasmim Timóteo da Silva)
Macdouglas de Oliveira
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